domingo, 23 de agosto de 2009

Justiça amargurada

Esta semana surgiu mais uma notícia que em muito envergonha a justiça neste país, uma situação ridícula.
É revoltante ver dois agentes da PSP, vítimas de agressão em 2004 na Amadora, terem de pagar as custas judiciais, após a verdade dos factos ter sido provada em audiência de julgamento culminando assim com a condenação dos arguidos, somente porque estes apresentaram um atestado de pobreza.
Se não têm como pagar, que vão trabalhar para o fazer: trabalho forçado supervisionado pelo tribunal com ganhos diminutos como qualquer português, onde o ganho seria para pagar a quantia devida e que servisse, efectivamente, para o propósito da aplicação de uma pena e a finalidade da punição.
Depois de enxovalhar estes “agentes sem autoridade”, acham que isto tudo serviu para a defesa da sociedade, para a prevenção de futuros crimes? Acham que daqui em diante estes arguidos “baixam a cabeça” perante os agentes?
Mas já não admira. Este caso é um exemplo tornado público do que acontece frequentemente. Casos como este já são às centenas nas forças de segurança. Quem é que tem moral para exigir que estes agentes dêem o “coiro”, e serem assim agredidos?
Há uns tempos ainda usavam o cliché de pedirem a indemnização e declararem a pretensão de a doarem a uma qualquer instituição mais necessitada, pois o propósito do pedido não é enriquecer mas sim de que a sua imagem fictícia, a de “Agente de Autoridade”, seja mantida. Mas nos núcleos de entendidos em questões jurídicas, começou-se a questionar “quem é afinal o lesado?”, colocando praticamente um ponto final nesta história.


C.P.P - Artigo 69.º Posição processual e atribuições dos assistentes
1- Os assistentes têm a posição de colaboradores do Ministério Público, …
2- Compete em especial aos assistentes:
a) Intervir no inquérito e na instrução, oferecendo provas e requerendo as diligências que se afigurarem necessárias; …

Estando a morosidade da justiça portuguesa nas ruas da amargura, lembre-se que este caso remonta a 2004, devendo a posição processual do assistente servir para auxiliar o apuramento eficaz e célere da verdade. Devia, neste caso, a justiça estar grata e não fazer com que as vitimas o sejam por duas vezes.
Para terminar, se tivesse sido um político, um magistrado ou um pseudo “VIP” não pagavam, porque o agente é hoje a escumalha da sociedade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Frase do Momento

“Nota ao Presidente Obama”

“Quer melhorar as escolas? Ponha os olhos em Portugal!”

Don Tapscott, num jornal de campanha do Partido Socialista.


Será que está a falar do “choque tecnológico”, do preço da educação ou das manifestações de professores por descontentamento com o rumo das coisas?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ius abutendi, Ius fruendi.

Segundo o CM apurou, pelas 05h10, uma carrinha do Corpo de Intervenção – do dispositivo que está a reforçar o policiamento no Algarve durante o Verão – regressava do centro de Lagos para a escola onde os agentes pernoitam quando se depararam com um automóvel a contornar uma rotunda em sentido contrário. Os agentes evitaram a colisão e de imediato deram ordem de paragem ao condutor.
O jovem, de 24 anos, acusou 1,51 g/l no teste de álcool, pelo que foi detido por condução perigosa e sob efeito de álcool. Na esquadra, o jovem, filho de um procurador do Ministério Público (MP) e de uma juiza, ambos colocados na Grande Lisboa, não requereu a contraprova e foi posto em liberdade, notificado para se apresentar no Tribunal de Lagos pelas 10h00. Já de manhã, os agentes foram até ao tribunal enquanto testemunhas – como diz a lei – mas logo às 10h00 foram dispensados pelo procurador do MP. O arguido acabou por chegar já depois das 11h30 e foi presente a um juiz. Fica por ouvir a versão dos agentes.
Os dois amigos do condutor que seguiam no carro têm a mesma idade. No lugar do pendura, ia o filho de Ferreira de Almeida, secretário de Estado do Ordenamento do Território quando Isaltino Morais era ministro do Ambiente.
O jovem terá mostrado “renitência em sair do veículo quando tal lhe foi solicitado, alegando que não eram criminosos perigosos e que a polícia não tinha legitimidade para tal”, disse ao CM fonte da PSP. “Aparentemente alcoolizado”, o filho de Ferreira de Almeida terá sido forçado a sair do carro e, ao sair, “caiu ao chão e magoou-se num pé”. Também foi à esquadra de Lagos e fez queixa contra os agentes que o obrigaram a sair do veículo.
Fonte sindical disse ao CM que “é triste ver os agentes cumprirem o seu dever e depois serem acusados por aqueles que praticaram crimes”. Segundo o CM apurou, os agentes visados – desconhece-se o número – pela acusação de abuso de autoridade vão agora ser alvo de um inquérito de averiguações interno e de um processo judicial complementar a este.
O pai do jovem detido pela PSP é procurador de um Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) recém-criado pela Procuradoria-Geral da República na Grande Lisboa.


Correio da Manha

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Darth Vader e a Restauração da Monarquia



Aqueles que pensavam que Darth Vader era apenas uma personagem do universo de ficção científica de Star Wars, a saga cinematográfica de George Lucas, engane-se.
Pois é, Darth Vader na madrugada do dia 10, subiu os Paços do Concelho em Lisboa, e substituiu a bandeira da Câmara Municipal de Lisboa pela monárquica.

"Há 99 anos atrás, no dia 5 de Outubro, um punhado de homens, contra a vontade da maioria dos portugueses, tinha feito a mesmíssima coisa proclamando assim a República. O resto do país ficou a saber por telegrama"
"Hoje, aproveitando as férias de verão e numa inédita acção de guerrilha ideológica, foi restaurada a legitimidade Monárquica. Podem permanecer calmos nas vossas casas: foi restaurada a Monarquia. E o país fica a saber pela Internet"


A Força estava com ele.

A Câmara, liderada por António Costa, retirou a bandeira azul e branca e participou o caso às autoridades competentes.
Quanto a mim o António Costa é um queixinhas…

sábado, 8 de agosto de 2009

Policias ou Identificadores de Criminosos?

Todas as semanas, para não dizer todos os dias, surgem novas aberrações aos nossos ouvidos. Corruptos à solta que voltam a candidatar-se, alterações às leis processuais a beneficiarem o criminoso, assaltantes à mão armada apanhados em flagrante com apresentações, menores a cometer crimes hediondos mas “coitadinhos que estão a ter uma infância difícil”, policias que tentam intervir e acabam condenados.
Reporto-me ao caso do militar da GNR condenado a 14 anos por ter disparado contra um jovem de 17 anos que lhe havia roubado um fio de ouro, causando-lhe a morte.
O Policia foi punido, então devemos considerar que a sua actuação foi inaceitável e desproporcional. Assim sendo alguém deveria dizer como ele deveria ter agido para que amanhã outros Policias saibam actuar em situações semelhantes.
“Um Policia identifica-se e oferece resistência. Se os assaltantes prosseguirem com o roubo, o Policia, fisicamente em desvantagem, permite que lhe levem o fio. Posteriormente, pede apoio policial (podem também levar o telemóvel) para tentar identificá-los, com ou sem sucesso... Não se livra da vergonha pessoal, social e profissional de sendo Policia, ter-se deixado roubar… Como pode proteger um cidadão se ele próprio tinha sido assaltado?”
Uma situação destas acarreta não só os prejuízos materiais, mas muito mais importante, prejuízos psicológicos. O Policia que diariamente doa o seu sangue e a sua vida em defesa do cidadão, com detrimento claro da sua vida pessoal e familiar, acreditando que está a fazer o bem, passa a questionar-se o que está a fazer, “…não foi nesta polícia que eu me alistei…”.
Então e se o assaltante em vez de um fio tenta a arma do policia? (29-06-2009 “…o agente da autoridade esperava numa paragem o autocarro que o levaria à esquadra, por volta s 23h50, para entrar no turno, quando foi cercado por cinco homens que o ameaçaram com uma arma branca e lhe roubaram a pistola de serviço…” O valor jurídico da arma, património, é efectivamente inferior à vida humana. Mas…então o que deve o Policia fazer? Usa a arma para a manter em sua posse, diga-se posse do Estado, ou deixa-a ser levada? Se a usa pode ir parar à cadeia e em ambos os casos sujeita-se a um processo disciplinar que pode levar à expulsão da Instituição. “…Mas a arma roubada pode ser usada contra cidadãos comuns, qualquer um! De quem será a responsabilidade?” E se a arma é de imediato usada contra o Policia? Já é legitima defesa? Então deve o Policia esperar que a arma seja usada contra si ou fazer cessar de imediato a ameaça?
Se o Policia fica ferido ou morto, o cidadão que já por diversas vezes o rotulou e estereotipou, acha que faz parte do seu trabalho, mas se o Policia se defende de algum criminoso o cidadão diz logo que houve violência policial. O Policia é sempre acusado de excesso, de maltratar o criminoso até que o criminoso faça mal a algum familiar seu.
Apesar de só contar quando é do interesse do “graúdo”, o Policia encontra-se 24 horas por dia de serviço, uma vez que mesmo depois de abandonar o seu turno, não deixa de o ser e de ter as mesma responsabilidade. Assim dirigindo-se calmamente para o conforto do seu lar, presencia um roubo na via pública, com recurso a arma branca a um cidadão idóneo. O Policia “não vê”, e nunca será punido por isso, pede reforço para ainda se tentar identificar o indivíduo, ou sozinho toma a decisão de reagir de acordo com a sua avaliação dos factos, avaliação que tem que ser feita em segundos, com o objectivo de fazer cessar aquele acto e manter a Autoridade do Estado? “…O que acontece se reagir e essa reacção foi desproporcionada? Severamente punido!”
“Alguém acredita que basta uma ordem verbal para fazer sanar um crime, por menor que ele seja?”
Alguém acredita que o “PÁRA! POLÍCIA!”, ou o “PÁRA OU DISPARO!”, interceptam criminoso? Ele ainda se vira de costas para o Policia e diz em tom de gozo “Há! Há! Há! Estou de costas não podes disparar… Há! Há! Há!”
Alguém acredita na força da Autoridade quando um cidadão foge para dentro de uma esquadra para se proteger e é agredido no interior pelo perseguidor?
“Vejamos ainda o seguinte:
Há doentes que entram com próprio pé num hospital e saem em estado vegetativo e outros já nem saem de lá vivos: erro médico mas ninguém vai para a cadeia;
Há juízes que condenam inocentes e outros que libertam criminosos que voltam a cometer crimes, muitos deles violentos, e nenhum vai para a cadeia porque não se pode beliscar a Autoridade do Estado. É que caso aconteça os Senhores Juízes passariam estar condicionados no momento de decidir. É exactamente o que acontece com os Policias, estão extremamente condicionados no momento de decidir porque o risco da cadeia é real e não há desculpabilização para um erro policial, ainda que seja sobre delinquentes, ainda que seja para repelir um crime!”
O cidadão não diz ao dentista como arrancar um dente ou ao médico que medicamento deve prescrever, mas está sempre a querer ensinar o Policia como este deve aplicar a lei. Então que digam agora como deve um Policia agir, como é que se pode valer da Autoridade do Estado e mantê-la intacta? Não pode ser o Policia por sua conta e risco a manter a Autoridade do Estado, alguém tem que assumir essa responsabilidade. Portanto exige-se que o cidadão diga o que espera do Policia, como quer que o Policia mantenha a Autoridade do Estado, ainda que seja contra si, que diga e que faça acontecer.
“Alguém dirá, levem-nos à justiça! Mas é exactamente isso que queremos que alguém diga, como se leva alguém à justiça contra a sua vontade, quando resiste e é fisicamente forte? Como é que o Policia cessa uma agressão contra si ou contra um cidadão, se fisicamente estiver em desvantagem? Deixa agredir e identifica-o depois? Deixa de ser Policia e passa a ser Identificador de Criminosos?”

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Felizes os que acreditam sem ver.

A Sociedade está do avesso. O Manuel levanta-se para trabalhar e já pensa se no dia seguinte ainda terá emprego. A Maria conta os trocos que sobram até ao fim do mês para comer. A fila no centro de emprego estende-se. O Sr. Victor depois da feira leva a Ana para levantar os 2000 de subsídio de reinserção social. A Mariana mal tem pintelhos e já se acha uma mulher. O João quer muito mas consegue pouco. A Joana engana-se e parte o coração. O Pedro é assaltado em plena luz do dia ao deslocar-se para a escola e a multidão finge não ver. O mesmo se passa no metro com o Alfredo. O António chega a casa depois de mais um turno complicado e pergunta-se se foi esta a profissão que escolheu. O vizinho no 9.º andar mete a música aos berros. Governos que silenciam… Coisas do dia-a-dia, coisas que alguém já ouviu num grupo de amigos, numa conversa de café, numa sala de espera, coisas que não passam de coisas, coisas que todos olham e ninguém vê, coisas que ouvi, coisas que me fazem bater na mesa e gritar, gritos que ninguém ouve, gritos que criam blogues. Sendo eu por natureza um Revoltado, tive vontade de chegar mais longe e assim aparece este blogue, do querer ser ouvido.